A Academia Brasileira de Laringologia e Voz e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia destacam que atos de gritar, falar em excesso, pigarrear e não se hidratar são alguns comportamentos que prejudicam a capacidade vocal.
A voz é a principal ferramenta de comunicação e o instrumento de trabalho para muitos profissionais, como os cantores, locutores, radialistas, feirantes, dubladores e professores. Apesar de exercer um importante papel no dia a dia, nem sempre ela recebe atenção e os cuidados adequados.
Com o intuito de orientar a população sobre o tema, a Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) indicam os hábitos que mais causam prejuízos à voz.
Excesso de uso vocal – Falar por muito tempo, gritar ou cantar por longos períodos sem descanso podem causar fadiga e tensão na voz. Além disso, forçar a fala, na tentativa de compensar os ambientes barulhentos, por exemplo, também prejudica as pregas vocais, provocando o seu inchaço e deixando a voz mais rouca.
“Se a voz está rouca ou cansada, dê a ela uma pausa longa. Forçar a voz quando ela está fadigada pode levar a lesões. Por isso, o recomendado é dar um descanso e permitir que as pregas vocais se recuperem”, explica a presidente da ABLV, Adriana Hachiya.
Falar em tom de voz diferente do seu – Alterar o tom natural da voz ou sussurrar provoca uma tensão desnecessária nas cordas vocais.
Exposição a mudanças bruscas de temperatura – Ambientes com ar seco, ar-condicionado intenso ou alterações extremas de temperatura podem ressecar as mucosas da laringe e levar à rouquidão.
Fumar – Cigarros, charutos e produtos afins são vilões da saúde vocal, pois a fumaça, a nicotina e os outros componentes do cigarros causam ressecamento, inflamação e irritação na parte interna do trato vocal, que corresponde à via que passa pelo nariz, boca e cordas vocais, além do seu potencial cancerígeno.
“Isso gera esforço para conversar e, com o tempo, a rouquidão também aparece. Além disso, fumar pode gerar um inchaço chamado de edema de Reinke, que aumenta o tamanho das cordas vocais. Conforme o grau da extensão desta lesão, pode haver uma resistência da passagem de ar para o pulmão e consequente falta de ar”, explica Hachiya.
O tabaco ainda pode provocar outras alterações, como pólipos, hiperplasias (aumento do tamanho de células) e até câncer nas cordas vocais.
Ingerir álcool – O consumo de álcool causa desidratação, lesões nas pregas vocais, refluxo gastroesofágico, irritando a garganta e as cordas vocais, além de elevar os riscos de desenvolvimento de câncer de esôfago, faringe e laringe. Se em excesso, o álcool também pode afetar a coordenação motora, prejudicando a dicção das palavras e a emissão do som.
Pigarrear e tossir constantemente – Esses atos geram atrito entre as pregas vocais e podem lesioná-las. Com o tempo, nódulos, pólipos ou granuomas podem surgir devido ao mau hábito.
Não se hidratar adequadamente – Beber água é requisito importante para manter as mucosas da faringe e laringe saudáveis, pois ajudam a manter as cordas vocais lubrificadas.
Viver estressado – Os músculos da laringe são sensíveis aos fatores emocionais, entre elas o estresse. O tensionamento da musculatura cervical pode levar ao que a medicina chama de disfonia funcional.
Ignorar sintomas – Cansaço ao falar, rouquidão, mudanças de tom de voz, redução do tempo e de ritmo de fala, perda de potência vocal e variações de intensidade da voz, são sinais de que algo não vai bem.
“É importante que a população tenha consciência que esses comportamentos, que podem parecer num primeiro momento inofensivos, trazem consequências à saúde vocal. Diante dos sintomas, é essencial que se busque um otorrinolaringologista para investigar o problema, pois ele é o profissional habilitado para o correto diagnóstico e para definição do melhor tratamento a ser seguido, seja ele expectante, medicamentoso, fonoterapia ou cirurgia”, explica a médica.
Campanha
Para alertar a população sobre a importância e os cuidados necessários com o aparelho fonatório, a ABLV e a ABORL-CCF promovem de 13 a 19 de abril, a 26ª Campanha Nacional da Voz, que esse ano tem como mote “Nós cuidamos da sua voz para o mundo todo ouvir”. A semana concentra também a celebração do Dia Mundial da Voz (16 de abril) que surgiu da iniciativa da Academia Brasileira de Laringologia e Voz em 1999 e tomou proporções internacionais.
“Vamos transmitir informações sobre os cuidados e prevenção de problemas com a voz para a comunidade e, principalmente, para profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho, como cantores, apresentadores, repórteres, locutores, professores, feirantes, entre outros”, afirma a presidente da ABLV.
A campanha reúne médicos instruindo profissionais de saúde e a população sobre os sinais e sintomas, o diagnóstico e tratamentos de problemas que afetam a voz, bem como, respondendo às dúvidas em bate-papos ao vivo pelo Instagram @otorrinoevoce, canal idealizado pela ABORL-CCF para a promoção da educação em saúde, e @cuidedasuavoz, página da Campanha Nacional da Voz mantida pela ABLV.
A ação ainda conta com a participação de personalidades, entre eles o ator Miguel Falabella, e os cantores Xande de Pilares e Adriana Calcanhoto, propagando informações sobre a prevenção e o cuidado com a voz.
Serviço
Campanha da Voz 2024
Data: de 13 a 19 de abril
Informações: www.ablv.com.br
Acompanhe: Instagram @otorrinoevoce e @cuidedasuavoz
Sobre a ABORL-CCF
Com 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade através de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbios científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.600 otorrinolaringologistas em todo o país.
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